Localismo no Varejo: Será que a tendência veio para ficar?
Muitos especialistas de mercado afirmam que o localismo é o futuro do varejo. Segundo eles, essa nova tendência foi impulsionada pela pandemia da covid-19, que mudou significativamente os hábitos dos consumidores.
É o que mostra uma pesquisa global realizada pela Kantar, que explora as expectativas das pessoas em todo o mundo. O levantamento realizado em abril de 2021 revela que, agora, mais da metade dos consumidores (52%) prestam mais atenção à origem do produto do que antes da pandemia.
O estudo revelou também que, atualmente, há uma preocupação em impulsionar o mercado local: 68% dos entrevistados na pesquisa revelaram preferir comprar em supermercados perto de casa e 64% consideram que o comércio local é importante para a comunidade.
Mas, afinal, será que essa tendência veio para ficar? Saiba mais a seguir!
O que é localismo e quais os impactos para o varejo?
Localismo é um termo amplo e, embora as definições possam diferir, todas compartilham um foco comum na localidade ou área.
O dicionário de Cambridge, por exemplo, descreve isso como a ideia de que as pessoas devem ter controle sobre o que acontece em sua área local, que as empresas locais devem ser apoiadas e que as diferenças entre os lugares devem ser respeitadas.
No contexto da governança pública, o localismo descreve os arranjos em que os cidadãos estão envolvidos na tomada de decisões sobre suas próprias áreas e localidades. É dessa ideia que surgem organizações como os conselhos e associações de bairro.
O localismo no varejo, portanto, compartilha da ideia de que os consumidores devem fortalecer o comércio local. Isso pode ser percebido em diferentes frentes.
Por exemplo, o consumidor pode optar por produtos oriundos dos países do Mercosul, em detrimento de produtos da China ou dos Estados Unidos. Ou ainda, dar preferência a produtos nacionais em vez de comprar importados.
Esse movimento também leva os consumidores a preferir comprar de comerciantes de seu bairro em vez de optar por grandes redes varejistas.
Como a pandemia da covid-19 impulsionou o localismo?
Não restam dúvidas que a pandemia afetou fortemente grande parte dos varejistas. Em muitos estados, para conter o avanço dos casos de covid-19, foram impostas medidas sanitárias, que resultaram em redução do horário de funcionamento e até mesmo fechamento temporário do comércio.
Diante disso, muitos consumidores se reuniram em torno dos varejistas locais, aumentando seu apoio às pequenas empresas, para ajudá-las a superar o momento de crise.
Em outras palavras, é possível afirmar que eles se tornaram mais conscientes de por que e o que compram e a quem estão apoiando no processo.
Em um nível mais prático, a pandemia fortaleceu a necessidade de tornar os bairros autossuficientes.
Outro fator que contribui para o localismo é que, com a pandemia, mais pessoas começaram a trabalhar a partir de suas casas.
Segundo dados da Pesquisa Gestão de Pessoas na Crise covid-19, realizada pela Fundação Instituto de Administração (FIA), o home office foi adotado por 46% das empresas durante a pandemia.
Sem precisar sair de seus bairros, foi um processo natural para muitos consumidores começarem a comprar mais dos comerciantes locais.
O localismo é uma tendência que veio para ficar?
Analisando o contexto atual, é possível afirmar que o localismo não é uma tendência passageira.
De fato, essa consciência de consumo deve permanecer por muito tempo, uma vez que a sociedade não será a mesma no pós-pandemia.
Já está claro, por exemplo, que o home office deve se manter em alta após a pandemia.
Além disso, esse senso de pertencimento e coletividade devem ditar os rumos do comércio, pelo menos até que surja uma nova tendência.
Portanto, o que as empresas precisam fazer no momento é se adequar para a nova realidade e focar suas estratégias no comércio local.
Como os varejistas podem se adequar ao localismo?
Sem dúvidas, toda mudança no comportamento do consumidor impacta as estratégias de negócios das empresas.
No caso do localismo, é possível fazer uma análise dividida em dois grandes grupos:
Pequenas e médias empresas
Sem dúvidas, as pequenas e médias empresas (PMEs) são as grandes beneficiárias do localismo. Isso porque, na maioria dos casos, elas estão presentes nos bairros e, em geral, é para onde os consumidores voltam suas atenções nesse momento.
De fato, são as PMEs que estão mais suscetíveis aos impactos da pandemia e, por isso, são elas que os consumidores desejam fortalecer.
Entretanto, isso não significa que essas empresas não devem rever suas estratégias de negócio. Muito pelo contrário.
Esse é o momento perfeito para que elas possam investir em estratégias para aumentar ainda mais suas vendas e conquistar os consumidores.
Em geral, essas empresas já contam com a vantagem de ter uma conexão mais próxima com os consumidores.
Isso acontece porque, como já dito, muitas delas estão localizadas nos bairros em que vivem seus consumidores e, por isso, contam com uma certa identificação com seu público. Isto é, as pessoas conhecem a marca, vêem com frequência os vendedores e sabem onde ir caso tenha problema em alguma compra.
Mas, é preciso ir além. Esse é o momento das PMEs encantar e fidelizar seu público.
Para isso, elas podem, por exemplo, oferecer facilidades, como um e-commerce, para aproveitar uma outra tendência do varejo.
Com a pandemia, o comércio eletrônico dobrou sua participação no varejo e obteve um crescimento de 68% em suas vendas no ano de 2020.
Portanto, as empresas que ainda não têm, devem incorporar esse canal de venda e, aquelas que já têm, devem aprimorá-lo, para oferecer uma experiência ainda melhor.
Nesse processo, é fundamental contar com um sistema de gestão, que possibilite integrar seus diferentes canais de venda e que ofereça suporte necessário para o crescimento do negócio.
Além disso, também é importante incorporar outras tendências, como métodos de pagamentos digitais, serviços personalizados, produtos exclusivos, dentre outros.
Grandes empresas
As grandes empresas também podem se beneficiar do localismo, visto que, de modo mais amplo, essa tendência prioriza o mercado nacional em detrimento do mercado internacional.
Portanto, esse é um ponto que pode ser explorado na disputa de mercado com as gigantes internacionais, como a Amazon.
No entanto, as grandes empresas também precisam atuar para não perder o mercado local para os comércios de bairro.
Algumas estratégias possíveis é a ampliação da rede de atendimento presencial, firmando parcerias com pequenos comerciantes ou mesmo abrindo filiais adaptadas à realidade dos bairros.
Essa estratégia já é aplicada por grandes redes de supermercado, que possuem em seu portfólio marcas voltadas a atender especificamente nos bairros.
O comércio eletrônico é outro fator que pode ser explorado, com uma abordagem omnichannel que chegue até os bairros.
Nesse sentido, é fundamental investir em ferramentas de gestão capazes de abarcar essas subsidiárias, facilitando o acompanhamento das atividades e dos resultados, bem como a distribuição de produtos em toda a rede.
Outra estratégia que pode ser explorada é a adoção de uma cadeia de suprimentos local. Feito isso, é importante investir nas estratégias de comunicação, para deixar claro para os consumidores a origem de seus produtos e como sua empresa atua para fortalecer suas parcerias locais.
Ou seja, as grandes empresas também devem aderir ao localismo e demonstrar para os consumidores que, mesmo comprando de uma grande marca, ela também estará contribuindo para o fortalecimento de toda uma cadeia local.
Agora você já conhece um pouco mais sobre o localismo, essa importante tendência do varejo que veio para ficar!
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