RFID: aumente a lucratividade no mercado varejista
Empresas de todos os tipos dependem cada vez mais de estratégias de diferenciação para sobreviver. Isso fica ainda mais evidente em segmentos fortemente vinculados ao consumidor final, como o varejo. Trata-se de uma área em franca expansão, na qual economizar em investimentos tecnológicos pode ser sinônimo de perecer. Nesse aspecto, uma das soluções passíveis de promover competitividade é a tecnologia RFID. Esta pode ser implantada em produtos, permitindo que milhares deles sejam rastreados e controlados à distância.
Uma sondagem feita com os principais players varejistas pela consultoria Boucinhas&Campos mostra que 43% deles têm expectativa de crescer nos próximos anos. Todavia, a mesma quantidade de entrevistados declarou que o principal desafio para gestão e prevenção de perdas é a exatidão do estoque. Fator, entre tantos outros, que impacta negativamente na lucratividade e poderia ser contido pelo RFID.
Um dos maiores empecilhos de adesão a esta tecnologia é seu alto custo inicial. No Brasil, as etiquetas eletrônicas com o chip de identificação dos itens podem custar de 5 a 10 dólares, o que a princípio não cobriria o preço de certos produtos. Por outro lado, deve-se considerar que seus gastos com manutenção são baixos, uma vez que é possível reutilizar os dispositivos. Trata-se de um benefício em logo prazo, algo não muito popular entre países em desenvolvimento.
Isso tudo não significa que outros recursos como o código de barras devam deixar de existir, pois são ainda muito úteis para controle de bens de menor valor agregado. Contudo, com a frequente eclosão de novidades tecnológicas, não se deve ignorar que cativar e fidelizar clientes está cada vez mais difícil, e que outras táticas comobanners e PDVs estejam saturadas.
Outro fator a ser considerado é: o Brasil está entre os recordistas mundiais em furto no varejo. Um levantamento apresentado em 2011 no evento Supermeeting Perdas e Lucratividade, na sede da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), mostra que 40% das perdas em supermercados brasileiros são decorrentes de furtos. Já um estudo realizado em 2010 pelo Centro de Pesquisa do Varejo aponta que dentre as incidências 43,4% delas são causadas pelos próprios funcionários.
Há ainda situações que desagradam consumidores, como filas de espera, divergência entre preço da gôndola e do caixa e prazo de validade vencido. Pontos como estes são expostos diariamente na imprensa e em sites de reclamações, acabando com a reputação até de grandes redes. Quando aliado a outras ferramentas como sistemas de gestão, o RFID pode promover um combate eficaz a todos esses problemas.
Não há como negar que a automação está cada vez mais presente entre as pessoas, que prezam pela rapidez no atendimento e chegam a valorizar mais o tempo do que o próprio dinheiro. Dados recentes da Nielsen, líder global de pesquisa, mostram que o Brasil tem a maior densidade de celulares do planeta, com 114,9 dispositivos por 100 habitantes. Procurar produtos, ler rótulos, usar a calculadora e passar as compras na esteira rolante, tudo isso leva tempo. Em uma era de smartphones, tablets e carros automáticos, o modus operandi do varejo não parece fazer sentido.
Tamanhos prejuízos mostram: está na hora de investir além de circuitos fechados de televisão, pranchetas e etiquetas de papel. É o dito “barato que sai caro” para o varejista. Para inovar é preciso arriscar, identificar oportunidades e atender demandas ainda não detectadas pelos concorrentes. Ou seja, fazer com que os consumidores venham a aderir ao seu negócio de forma a não quererem retroceder ao jeito antigo. A verdade é que o RFID está à espera de uma empresa ousada o suficiente para assumir esse desafio de ver os benefícios além de lucro imediato e apostar nele para obter resultados em longo prazo.
Por Grasiela Tesser, gerente comercial e marketing da NL